- Taís Fagundes
Cafés com história
Fragmento do último livro escrito
pelo uruguaio Eduardo Galeano:
"O caçador de histórias".

No café El Cairo, que não está no Egito e sim na cidade argentina de Rosário, Roberto Fontanarrosa, desenhista e escritor, tem sua mesa. Ele morreu faz anos, mas jamais deixou de comparecer. E sempre acompanhado pelo seu cão Mendieta e seu amigo Inodoro Pereyra, criados por ele.
No café Tortoni, de Buenos Aires, foi fundado o primeiro grupo de artistas e escritores argentinos.
A Academia Brasileira de Letras, presidida pelo romancista Machado de Assis, se reunia no Café Colombo, no Rio de Janeiro.
No Café Paraventi, na cidade de São Paulo, Olga Benário e Luiz Carlos Prestes imaginavam a revolução brasileira.
Nos tempos do exílio, Trótski e Lênin discutiam a revolução russa no Café Central, em Viena.
Algumas obras-primas do poeta português Fernando Pessoa foram escritas no Café A Brasileira, de Lisboa.
Enquanto nascia o século vinte, Pablo Picasso fez a primeira exposição de suas obras no Café Els Quatre Gats, de Barcelona.
Em 1894, o escritor Ferenc Molnár jogou nas águas do Danúbio as chaves do Café New York, de Budapeste, para que ninguém trancasse a porta.
Em 1898, Émile Zola escreveu o célebre texto J’Accuse...! no Café de la Paix, em Paris.
Em 1914, o socialista Jean Jaurès, que havia declarado guerra às guerras, foi assassinado no Café du Croissant, em Paris.
O Café Richie, no Cairo, foi, em 1919, o centro da insurreição egípcia contra a ocupação britânica.
Em 1921, foi inaugurado em Chicago o Sunset Café, onde Louis Armstrong e Benny Goodman abriram as asas da sua música.
¡Disfruta de un buen café!
